O ano lectivo 2011/2012 chegou ao fim, tal como as propostas de trabalho desenvolvidas no âmbito da unidade curricular Design e Comunicação Visual. Como foi dito nas últimas publicações, a infografia desempenha um papel fundamental na imprensa na medida em que alia a linguagem visual à linguagem textual para dotar a informação de maior rigor e permanência. Contudo, é necessário conhecer as suas regras. Para aqueles que pretendem trabalhar ou estudar o tema, deixamos aqui um esboço de guia prático de infografia baseado em teorias cognitivas e semiológicas de Gabriela Portilho Matheus, designado Infografia: Morfologia e Sintaxe para o design de Informação. Boa leitura!
quinta-feira, 14 de junho de 2012
segunda-feira, 11 de junho de 2012
Tatto Infographics
Em 1981 foi inventada, por Samuel O’Reilly, a primeira
máquina de tatuar. Desde então, estes aparelhos electrónicos foram sofrendo uma
evolução e, atualmente, movem a agulha de cima para baixo, para marcar a pele, entre 50 a 300 vezes por minuto. Para além disso, existem mais
de 100 tipos de tintas usadas para tatuar. A prática da tatuagem é comum em
todo o mundo e foi neste sentido que surgiu o projecto académico de Paul
Marcinkowski - Tatto Infographics - que consiste na representação gráfica de informação sobre dermopigmentação em forma de falsa tatuagem:
Ver mais aqui.
domingo, 20 de maio de 2012
Proposta de trabalho 3 - O Cinema e a História nos conflitos mundiais
Apesar de muitas vezes não nos apercebermos, o cinema teve e ainda tem um papel pró-ativo nas nossas vidas e, é claro, na história. Com o seu aparecimento nos finais do século XIV e grande propulsão no início do século XX, vamos ver que a sétima arte vai, não só acompanhar os grandes acontecimentos históricos, como também ser uma parte integrante dos mesmos. Assim sendo, o grande objetivo desta infografia é a análise de alguns filmes e sua perspectiva histórica.
A ideia desta infografia não surgiu de imediato. Quando a possibilidade da análise infográfica do setor cinematográfico surgiu, estávamos a pensar fazer algo como a antítese entre filmes de muita ou pouca qualidade de uma determinada década do século XX. Com o desenvolvimento do trabalho, as ideias foram crescendo e decidimos articular um maior número de informações, com filmes que marcaram, de alguma forma, os grandes conflitos históricos deste século. Como complemento das análises histórico-temporais, decidimos colocar, também, a classificação de usuários do website www.imdb.com dos respectivos filmes, como forma da infografia não perder o conceito inicial, o da qualidade dos filmes. Contudo, optamos por não fazer uma análise crua e pragmática dos mesmos, mas sim liberal, ou seja, não persuadimos o leitor a ter a ideia de um filme ser bom ou não, damos, sim, as informações para o fazer a sua própria análise, seus próprios juízos de valor, e, é claro, tiras as suas próprias conclusões.
Apesar de, à primeira vista, não parecer, o desenvolvimento deste projeto foi um verdadeiro desafio, porque conciliar filmes com acontecimentos históricos é extremamente difícil, e o conteúdo bibliográfico deste assunto é extremamente escasso. Além disso, optamos por não analisarmos em uma única perspectiva (como a americana, por exemplo), mas sim vários filmes, de vários gêneros e de diferentes países que traduzissem o que acontecia naquela época segundo a sua realidade. Obviamente algumas destas longas metragens irão ter algum teor persuasivo dependendo da época e local em questão, mas cabe ao leitor fazer esta análise, visto que apenas relatamos factos. Sendo assim, a pesquisa foi, sobretudo, feita através de críticas em sites, opiniões de internautas e blogueiros, e de conhecimentos básicos de história que, felizmente, nos ajudaram muito para a concretização da infografia abaixo.
Começamos, portanto, com um título e um lead sugestivos que apelassem ao conteúdo da infografia, assim como uma frase de Orson Welles que se enquadra perfeitamente no contexto do trabalho. Em seguida, procuramos alguns filmes renomeados do século XX que tivessem algum enquadramento histórico e fizemos uma breve sinopse que também justifica a presença do filme na dada timeline. Após conciliar os filmes com a época em que foram feitos e acontecimentos próximos, decidimos concluir com a classificação dos filmes de acordo com os usuários do imdb.com, que age, não só como um complemento da infografia, mas também como uma motivação para o leitor se interessar mais pelo assunto e, quem sabe, assistir o filme sob uma perspectiva diferente.
Quanto aos elementos básicos da comunicação utilizados, optamos, sobretudo, por uma estratégia simplista, mas deveras eficaz. A articulação de informação, se aplicada de forma confusa, acaba não tendo os efeitos desejados, motivo pelo qual deve ser bem estruturada. Desta forma, utilizamos muitas linhas e traços que marcam de forma inequívoca qual o filme e a época em questão. Mesmo os períodos da timeline e os acontecimentos próximos são lineares e não têm cores chamativas para não haver uma hierarquização dos mesmos. Optamos, portanto, por fazer uma graduação dos períodos com diferentes tonalidades de uma mesma cor (neste caso o azul) como forma de não relevar um em comparação com ao outro, pois, na perspectiva da nossa linha do tempo, todos têm igual importância para o rumo da história cinematográfica.
É de salientar que as cores não foram escolhidas ao acaso. A supervalorização dos tons de cinza é aplicada como forma de dar destaque aos elementos mais importantes, como as diferentes épocas e os filmes em questão. Assim, podemos dividir a timeline em três planos: no primeiro plano temos as capas dos filmes, com grande destaque e ofuscação de cores. Optamos por dar um grande destaque a esta parte, não apenas por ser o princípio desta infografia, como também por apresentar indiscutivelmente uma ideia do conteúdo das longas metragens, através da qual o leitor pode fazer uma associação com o segundo plano, a época em questão. Este elemento tem, também, algum destaque por ser de associação direta entre o conteúdo do filme e o momento em que este foi produzido. Damos, portanto, informações para o leitor desenvolver a sua própria opinião. Por último, no terceiro plano, temos informações adicionais, como os acontecimentos próximos, uma pequena descrição do filme e respectiva avaliação, visto que acreditamos que estes elementos são, sim, importantes, mas que devem ser vistos como adicionais, pois podem influenciar a opinião do leitor. Sendo assim, tentamos dividir a infografia por "camadas" que irão fazer o leitor contemplar preferencialmente alguns elementos que seriam mais importantes para a reflexão imparcial, ou seja, sem elementos persuasivos. O título, o lead e a frase de Orson Welles não foram incluídos em nenhuma destas partes, pois acreditamos que se encontram em outro plano, o da apresentação da ideia e do conteúdo infográfico, mas é de salientar que as cores também foram escolhidas de forma a salientar, obviamente, o título, mas sem cores chamativas, para que o leitor capte logo no primeiro momento as cores das imagens e das épocas.
Em suma, esta infografia foi desenvolvida de acordo com factos articulados de forma a criar uma ligação entre o mundo cinematográfico e a história política mundial, para que o leitor consiga, através da sua própria análise, tirar conclusões e conhecer um pouco mais da história cinematográfica do século XX.
Quanto aos elementos básicos da comunicação utilizados, optamos, sobretudo, por uma estratégia simplista, mas deveras eficaz. A articulação de informação, se aplicada de forma confusa, acaba não tendo os efeitos desejados, motivo pelo qual deve ser bem estruturada. Desta forma, utilizamos muitas linhas e traços que marcam de forma inequívoca qual o filme e a época em questão. Mesmo os períodos da timeline e os acontecimentos próximos são lineares e não têm cores chamativas para não haver uma hierarquização dos mesmos. Optamos, portanto, por fazer uma graduação dos períodos com diferentes tonalidades de uma mesma cor (neste caso o azul) como forma de não relevar um em comparação com ao outro, pois, na perspectiva da nossa linha do tempo, todos têm igual importância para o rumo da história cinematográfica.
É de salientar que as cores não foram escolhidas ao acaso. A supervalorização dos tons de cinza é aplicada como forma de dar destaque aos elementos mais importantes, como as diferentes épocas e os filmes em questão. Assim, podemos dividir a timeline em três planos: no primeiro plano temos as capas dos filmes, com grande destaque e ofuscação de cores. Optamos por dar um grande destaque a esta parte, não apenas por ser o princípio desta infografia, como também por apresentar indiscutivelmente uma ideia do conteúdo das longas metragens, através da qual o leitor pode fazer uma associação com o segundo plano, a época em questão. Este elemento tem, também, algum destaque por ser de associação direta entre o conteúdo do filme e o momento em que este foi produzido. Damos, portanto, informações para o leitor desenvolver a sua própria opinião. Por último, no terceiro plano, temos informações adicionais, como os acontecimentos próximos, uma pequena descrição do filme e respectiva avaliação, visto que acreditamos que estes elementos são, sim, importantes, mas que devem ser vistos como adicionais, pois podem influenciar a opinião do leitor. Sendo assim, tentamos dividir a infografia por "camadas" que irão fazer o leitor contemplar preferencialmente alguns elementos que seriam mais importantes para a reflexão imparcial, ou seja, sem elementos persuasivos. O título, o lead e a frase de Orson Welles não foram incluídos em nenhuma destas partes, pois acreditamos que se encontram em outro plano, o da apresentação da ideia e do conteúdo infográfico, mas é de salientar que as cores também foram escolhidas de forma a salientar, obviamente, o título, mas sem cores chamativas, para que o leitor capte logo no primeiro momento as cores das imagens e das épocas.
Em suma, esta infografia foi desenvolvida de acordo com factos articulados de forma a criar uma ligação entre o mundo cinematográfico e a história política mundial, para que o leitor consiga, através da sua própria análise, tirar conclusões e conhecer um pouco mais da história cinematográfica do século XX.
Proposta de trabalho 3 - Análise infográfica
Como já foi dito numa das publicações anteriores, a palavra infografia provém do termo
norte-americano infographics que, por
sua vez, é uma redução da expressão information
graphics. “A informação gráfica apareceu na imprensa praticamente com os
primeiros jornais” (Peltzer, 1992:75), mas a sua disseminação só se popularizou
a partir de 1980. Constituindo representações gráficas visuais, o recurso às
infografias visa reproduzir relações entre as ideias e ajudar a construir
narrativas. Assim, a fusão do verbal ao visual dota a comunicação de maior
precisão e dinamismo num “período de recessão de leitura e perda de leitores
para outros meios” (De Pablos, 1999:30). No entanto, tal não implica facilitar
a leitura: as infografias compreendem “elementos verbais, representações
quantitativas, possibilidades comparativas e diversos tipos de dados que geram
análises e conclusões” (Silveira, 2010). Desta forma, a infografia é uma
“ferramenta de amplificação da cognição e da memória” (Cairo, 2008:34), um
processo de visualização da informação recorrente na imprensa.
No Brasil, a revista Superinteressante
desempenha um papel fundamental no desenvolvimento e na difusão das
infografias. A infografia selecionada foi A
história da Terra (fig. 1), publicada em setembro de 2002, retirada da
edição especial da revista brasileira - As
20 Melhores Matérias da História da Super. Esta infografia foi distinguida
com o Prémio Abril de Jornalismo na categoria Infografia.
A presente infografia, da autoria de Luís Iria (ilustração),
Rodrigo Maroja (edição de arte) e Denis Burgierman (texto), retrata a evolução do planeta Terra desde a sua
origem até ao surgimento dos seres humanos.
Fig. 1 - A história da Terra, revista Superinteressante (2002). |
Após a primeira leitura, verificamos que o conteúdo
informativo segue uma linha de tempo (o que aponta, desde o início, para o
processo evolutivo do planeta) e está distribuído de forma a sugerir diferentes
direções de leitura: leitura narrativa da linha temporal, por um lado, e
leitura sequencial da numeração do texto, por outro. Os elementos textuais
fazem-se acompanhar por elementos gráficos que transmitem as características
das diferentes fases de evolução do planeta e facilitam a compreensão do
assunto em causa.
Os elementos presentes nesta infografia seguem uma
distribuição hierárquica em camadas. O título - A história da Terra -, a primeira camada, representa o início da
leitura. De seguida, a representação de duas fases do globo terrestre serve
para introduzir e narrar as fases iniciais do planeta. O restante conteúdo
informativo é configurado de modo a incorporar a forma da estrutura da Terra,
dividida em cinco camadas: a primeira camada corresponde às informações
pictóricas; a segunda aos títulos de uma tabela tradicional, com as datas
seguidas por textos, reunidos na terceira camada; a quarta camada indica as
eras geológicas, diferenciadas por cores e a última compreende imagens de
globos terrestres. Assim, estão reunidos nesta infografia três modos de
representação - verbal numérico (texto), pictórico (imagens) e esquemático (código
de cor) -, refletindo a exploração das possibilidades da linguagem gráfica.
Tratando-se de uma história com mais de 3 biliões de anos
para contar, a infografia em análise assume a forma de narrativa, com um início
(explosão que originou o planeta), meio (formação geológica e biológica da
Terra) e fim (surgimento dos seres humanos), lida da esquerda para a direita.
Ou seja, o emissor procurou adaptar a infografia ao modo de leitura ocidental e
dotá-la de um carácter narrativo para estreitar relações com o leitor.
É importante referir ainda que as fases evolutivas do
planeta Terra estão delimitadas por uma linha branca (linhas de coordenadas
meridionais) que contrasta com a cor azul do planeta no fundo de modo a
alcançar maior precisão na leitura.
A localização no espaço e no tempo dos fenómenos geológicos,
dos animais e das plantas e a verosimilhança das imagens são uma preocupação
constante nesta infografia. No entanto, a representação dos animais não segue
uma clara relação de escala, precisão biológica, o que reforça o objetivo da
infografia - exemplificar genericamente a variedade de vida em diferentes fases
geológicas do planeta, culminando com o surgimento do ser humano. Como podemos
ver, o carácter narrativo da história do planeta predomina sobre os aspetos
descritivos, captando o interesse do leitor.
Esta infografia é um bom exemplo de infografia de imprensa
na medida em que evita a “moral da história” e clarifica as relações entre os
dados para que o leitor encontre as suas próprias conclusões.
Referências bibliográficas:
Cairo, Alberto, 2008. Infografia 2.0. Visualización
interactiva de información en prensa. Madrid: Alamut.
De Pablos, José Manuel, 1999. Infoperiodismo. El Periodista
como Creador de Infografia. Madrid: Editorial Síntesis.
Peltzer, Gonzalo, 1992. Jornalismo iconográfico. Lisboa:
Planeta Editora.
Silveira, Luciana Hiromi Yamada da (2010) “Modelo de caracterização
de infográficos: uma proposta para análise e aplicação jornalística”, in http://infografia.lhys.org/wp-content/uploads/lhys_mestrado.pdf
Wordless
O mundo é complexo, dinâmico, multidimensional; o papel é estático, plano. Como podemos transpor para o papel a riqueza do mundo visual? A resposta é simples: através da infografia. Em 1613, quando Galileu publicou as primeiras observações telescópicas de Saturno, o texto e a imagem tornaram-se um só. "The wonderful becomes familiar and the familiar wonderful" (Tufte, 2005). Assim, a recolha infográfica, indispensável à concretização da proposta de trabalho n.º 3, foi designada de "Wordless" pelo facto de a imagem constituir um importante elemento e linguagem de comunicação visual de informação. Eis os exemplos seleccionados:
Fig. 1 - O mundo a cada mil milhões (Público). |
Fig. 2 - A década do 11 de Setembro (Público). |
Fig. 3 - As pressões em torno do rio (Público). |
Estas são três de dez infografias publicadas entre junho e dezembro de 2011, nas edições de domingo do Público. O portefólio foi premiado com uma medalha de prata na categoria de Portefólios de Reportagens nos prémios Malofiej. Pode consultar o portefólio premiado do Público aqui e a lista completa de prémios Malofiej aqui.
Fig. 4 - The Guatánamo Docket (The New York Times), infografia distinguida com o prémio de Melhor do Evento na edição de 2012 dos prémios Malofiej. |
Fig. 5 - O mais impressionante Allianz Arena (Anyforms). |
Fig. 6 - A identidade da Nação (Anyforms). |
Fig. 7 - Uma fuga astuciosa (Anyforms). |
Fig. 8 - Titanic centenary (Graphic News), infografia elaborada no âmbito do centenário do naufrágio do Titanic. |
sexta-feira, 18 de maio de 2012
Paula Scher Maps
Paula Scher (1948-) é uma lenda do design gráfico, cuja carreira passa pelas capas dos discos de Billy Joel, pela conquista do prémio da campanha de identidade para o Teatro Público de Nova Iorque e pelo seu trabalho como associada da Pentagram. De entre numerosos trabalhos seus, é de destacar os mapas repletos de interferências cromáticas e tipográficas que, em conjunto, dão origem a texturas originais. Eis alguns exemplos:
Fig. 1 - The World, 1998. |
Fig. 2 - India, 2007. |
Fig. 3 - NYC Transit, 2007. |
Fig. 4 - Tsunami, 2006. |
Fig. 5 - Manhattan, 2002. |
Estes mapas estão reunidos no livro Paula Scher: MAPS, lançado em 2011.
Pode consultar mais exemplos aqui.
quarta-feira, 16 de maio de 2012
Primórdios da infografia
A infografia tal como hoje a conhecemos sofreu uma evolução ao longo do tempo. Para melhor compreender a sua génese, eis alguns exemplos da sua forma precoce:
Fig. 1 - Bertuch's Bilderbuch fur Kinder. Enciclopédia vocacionada para crianças, publicada entre 1790 e 1830. Os seus doze volumes eram compostos por colecções compactas de infografias a cores. |
Fig. 5 - Principles of Geology. A origem e a génese das rochas expressas na ilustração comentada com legendas, retirada da obra de Charles Lyelle. |
Info + grafia
“Uma ideia é difícil de explicar apenas com texto e é de
grande utilidade fazê-lo mediante uma imagem convenientemente apoiada em breves
explicações textuais” (Valero Sancho, 2000).
A palavra infografia
teve origem no termo norte-americano infographics
(contração dos termos information
graphics) e é utilizada para designar a combinação de imagem e texto. Este
binómio - imagem (grafia) + texto (info) - remete-nos para a aliança entre as
linguagens visual e textual. “A mútua complementaridade entre ambas as
linguagens (...) é atualmente óbvia. A linguagem verbal é analítica: divide e
compara, em etapas que se sucedem no tempo, e a compreensão surge do estudo das
partes e da apreensão dos seus textos (...) A linguagem visual, pelo contrário,
é mais sintética (...) O processo de compreensão, aqui, inverte-se: inicia-se
em conjunto para logo investigar as partes” (Peltzer, 1991:53-55). Assim, num
tempo de tendências gráficas visuais, as infografias ganham lugar de destaque
na medida em que a ligação entre dois tipos de linguagens dota a mensagem
transmitida de maior rigor e permanência.
A metamorfose dos insectos, ilustrada na obra de Jan Goedart
De insectis in methodum redactus
(1685), baseada na observação minuciosa de todas as fases da vida destes seres,
constitui a forma precoce da infografia. Mais tarde, Maria Sybilla Merian
aperfeiçoou o estudo da metamorfose com a descrição completa do ciclo de vida
das borboletas. A presente infografia (Fig. 1) de Maria Sybilla Merian é uma
obra de arte pelo facto de as múltiplas imagens nela contidas mostrarem o mesmo
insecto em diferentes fases do seu ciclo de vida e a planta que lhe serve de
habitat natural e de alimento.
Fig. 1 - Infografia de Maria Sybilla Merion. |
Como podemos ver, a génese da infografia reside no progresso
científico, determinante para o desvendamento da dinâmica dos processos
naturais e sociais. E assim, à medida que o volume de dados aumenta, novas
formas de visualização surgem.
Atualmente, a infografia é uma das ferramentas mais úteis do
jornalismo moderno. De acordo com Carlos Abreu Sojo, a infografia é um género
jornalístico: apresenta uma estrutura composta por título, texto, corpo, fonte
e crédito; tem uma finalidade - informar; possui marcas formais que se repetem
em diferentes trabalhos; por fim, tem sentido por si mesma.
A infografia assume-se como um novo género jornalístico
formado pela combinação estética de elementos gráficos e textuais que resultam
numa mensagem simples, resumida, clara e eficaz.
Enquanto género jornalístico, as infografias podem ser individuais (compostas por elementos
básicos, tratam de um único assunto) ou coletivas
(combinam mais de uma infografia individual para construir diferentes facetas
de uma informação). Ambos os tipos podem ser subdivididos em classes:
- comparativas (comparam dados);
- documentais (explicam as características, a ilustração e a documentação de acontecimentos, ações ou coisas);
- cénicas (reproduzem determinado local e ação);
- de localização (situam as informações no espaço).
Referências bibliográficas:
Valero Sancho, José Luis
(2000) “La infografia de prensa”, in http://www.ull.es./publicaciones/latina/aa2000qjn/99valero.htm
Peltzer, Gonzalo, 1991. Periodismo
Iconográfico. Madrid: Ediciones Rialp.
Abreu Sojo, Carlos (2002) “Periodismo Iconográfico - Es la infografía un
género periodístico?”, in http://www.ull.es./publicaciones/latina/2002abreujunio5101.htm
Ribeiro, Susana Almeida, 2008. Infografia
de Imprensa. História e análise ibérica comparada. Coimbra: Edições
MinervaCoimbra.
terça-feira, 15 de maio de 2012
Sabia que...
... a primeira ilustração de
imprensa que combinou imagem com informação escrita foi publicada no Daily Courant na sua edição de 12 de
Setembro de 1702?
... o gráfico da casa de Blight publicado no The Times a 7 de abril de 1806 é
considerado a primeira infografia de imprensa tal como hoje a conhecemos?
... o primeiro jornal a usar a
infografia diariamente foi o USA Today?
... no caso português, a primeira
infografia foi publicada na Gazeta de
Lisboa Ocidental a 21 de janeiro de 1723?
... o departamento de infografia
da agência Reuters teve início em 1990 e produz para 500 clientes espalhados
por mais de 80 países?
... a agência britânica Graphic
News, criada em 1991, se dedica exclusivamenre à infografia?
... a Anyforms, criada em 2001
por Luís Miguel Taklim e Leonel Sousa Pinto, é a única agência de infografias
portuguesa?
... a primeira edição de prémios
mundiais de desenho e infografia promovida pela organização Society for News
Design (SND) teve lugar em 1988?
... os prémios Malofiej, cuja
designação deriva do nome do infografista Alejandro Malofiej, são organizados
desde 1993 pela divisão espanhola da SND (SND-E) e considerados os Óscares do
universo infográfico?
... na edição de 2007 dos prémios
Malofiej as infografias portuguesas premiadas foram “Jogos de guerra e de paz”
(Expresso), “Gás Natural” (Diário Económico) e “Estádios do Mundial”
(Anyforms)?
segunda-feira, 23 de abril de 2012
As cores nos filmes
Como já referido em posts anteriores, todas as cores têm um papel importante no nosso dia-a-dia, elas fazem parte do nosso quotidiano mesmo quando não damos pela sua existência. As cores representam emoções, sentimentos e estados de espírito. Não é por acaso que num dia mais cinzento e chuvoso nos sentimos mais cansados e deprimidos, enquanto num dia de verão ensolarado parecemos mais alegres e tudo parece correr melhor.
Nos filmes também existem as percepções de cor e luminosidade, como por exemplo na curta-metragem animada vencedora do festival de Cannes, "The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore".
Como podemos ver, não há qualquer fala na curta, mas mesmo assim tem uma forte carga emocional transmitida através da música de fundo e das cores. Ora, a relação das cores com o estado emocional das personagens é clara e extremamente importante para a percepção da mensagem. Neste caso, podemos dividir a história em "dois mundos": um triste, sombrio e deprimente, um mundo sem livros, onde não há alegria, onde a vida não ganha cor (metafórica e literalmente) e um mundo colorido, de sonhos e alegrias, um mundo cheio de livros, onde a imaginação pode "voar" e que cores são fortes e alegres. Um bom exemplo disso é a antítese da tempestade incolor no mundo sem livros, em contraste com os dias ensolarados e luminosos no outro mundo.
Uma das cenas que realça melhor a importância das cores, na nossa opinião, é quando as pessoas, em preto e branco, recebem os livros e adquirem uma nova cor, demonstrando que os livros transformam as pessoas de uma forma metafórica na vida real, e literalmente representada na animação. Estes abrem-nos novos horizontes e mundos completamente novos, abrem-nos várias portas e transformam as nossas vidas, criando uma nova realidade onde tudo é possível e onde tudo é colorido.
domingo, 22 de abril de 2012
Infografia
O que é infografia? Eis algumas das suas definições visuais:
Pode encontrar mais definições visuais de infografia aqui.
terça-feira, 17 de abril de 2012
Preto & branco
"Para a maioria das pessoas, a cor preta, acromática, tem uma tentação especial. Preto-e-branco pode dar um aspecto de documentário que nos faz acreditar em algo na imagem. Da mesma maneira, uma fotografia em preto-e-branco nos leva a um mundo sugestivo, transformando-nos em participantes de uma sequência fílmica" (Bergstrom, 2009:200).
E o leitor, o que acha?
Referência bibliográfica:
Bergstrom, Bo. Fundamentos da comunicação visual, São Paulo: Edições Rosari, 2009.
Como vemos as cores?
A percepção das cores é importante desde as primeiras pinturas nas cavernas. No entanto, esta é condicionada pela presença ou ausência de luz: sem iluminação suficiente, os objectos afiguram-se-nos escuros e desvalorizados; e se iluminados pela luz solar ou artificial, alguns raios de luz são absorvidos e outros reflectidos. O sistema nervoso humano possui a capacidade de reagir a diferentes comprimentos de onda de radiação electromagnética, logo, os olhos captam as impressões visuais dos raios reflectidos e conduzem-nas até ao cérebro que, por sua vez, as converte em cor.
Para diversos grupos de profissionais (designer, estilista, artista têxtil, etc.) as cores são um elemento indispensável. Estas encontram-se congregadas num sistema de descrição comum - Natural Color System (NCS) - assente no uso da cor no ambiente e na forma como os seres humanos percepcionam a cor. Assim, as cores elementares da nossa visão são amarelo (Y), vermelho (R), azul (B) e verde (G) - cores cromáticas; e preto (S) e branco (W) - cores acromáticas (sem nenhum matiz). O NCS faz notações de cores consoante o grau de semelhança de uma cor específica com essas seis cores elementares.
Já o Espaço de Cores NCS, modelo tridimensional com um eixo que vai do branco ao preto e as cores cromáticas localizadas nos quatro pontos equidistantes da circunferência (Fig. 1), possibilita a representação de todas as cores imagináveis com uma notação NCS própria. Este modelo subdivide-se em dois modelos bidimensionais: Círculo Cromático NCS (Fig. 2) e Triângulo Cromático NCS (Fig. 3).
Fig. 1 - Espaço de Cores NCS |
Fig. 2 - Círculo Cromático NCS |
Fig. 3 - Triângulo Cromático NCS |
O Círculo Cromático NCS apresenta quatro espaços de cores cromáticas elementares divididos em cem graduações iguais. As cores do lado esquerdo do círculo correspondem às cores frias e as do lado direito às cores quentes. Assim, entre o amarelo e o vermelho temos o laranja; entre o vermelho e o azul estão as cores púrpuras; entre o azul e o verde há uma série de tons azul-esverdeados; e entre o verde e o amarelo estão os tons amarelo-esverdeados.
Por sua vez, o Triângulo Cromático NCS - secção vertical do modelo NCS numa das graduações de 10% - mostra uma tonalidade específica a partir da qual é possível determinar a relação da cor com o branco, o preto e a cor cromática integral. Quanto mais alto o posicionamento da cor no triângulo, mais clara ela é, e vice-versa. Já as cores laterais são mais cromáticas.
Tanto o Espaço de Cores NCS, como os seus modelos bidimensionais, são instrumentos úteis na decisão de qual cor usar.
Bibliografia:
Bergstrom, Bo. Fundamentos da comunicação visual, São Paulo: Edições Rosari, 2009.
A temperatura e a saturação das cores
A "temperatura" das cores é uma noção metafórica, mas, paradoxalmente, bastante real. Existem cores que parecem mais calorosas e "quentes", outras mais distantes e "frias", e essa noção realmente existe. O psicólogo alemão Wundt estabeleceu a divisão fundamental da "temperatura" das cores, explícita na imagem abaixo:
Como podemos ver, as cores mais "quentes" aproximam-se do vermelho, enquanto as mais "frias" se aproximam do azul. Mas isto não é inventado ao acaso - podemos compreender a psicologia cromática com os próprios elementos da natureza. Por exemplo: o vermelho é visto como uma cor mais "quente" por ser logo associada ao fogo, enquanto o azul, por estar relacionado com o "gelo", é visto como uma cor mais "fria".
Para além das componentes físicas, o próprio vermelho parece saltar ao olho, parece nos aquecer, enquanto o azul aparenta ser uma cor mais pacata, menos destacada, como podemos ver na imagem supracitada. Passamos, assim, para a saturação das cores. As cores que parecem ser mais fortes, ter mais intensidade e luminosidade são, normalmente, mais "puras", ou seja, fiéis ao seu formato original e sem grandes mudanças, enquanto cores mais "sujas" são, normalmente, menos brilhantes. Quanto mais "quente" e quanto maior for a saturação de uma cor, mais parece que esta avança e salta para o olho. Cores como o vermelho e o laranja avançam mais do que, por exemplo, o azul e o verde.
Na imagem acima podemos ver as relações entre cores "quentes" e "frias" e até mesmo a sua própria saturação. É de salientar que na imagem de contraste, as cores mais "quentes" parecem avançar, enquanto as mais "frias" dão a sensação de estar em segundo plano, ou recuadas. É a isto que se chama a "temperatura" e a saturação das cores.
segunda-feira, 16 de abril de 2012
As cores do espectro
Nós vivemos num mundo de cores: algumas transmitem-nos felicidade; outras tristeza; algumas que apaziguam a nossa alma; outras que nos deixam com raiva; algumas que nos fazem sonhar; outras que só nos fazem lembrar do que perdemos. As cores têm um papel ativo na nossa vida, mas por serem tão presentes, acabamos por nos esquecer da sua existência e do quanto são importantes para a nós.
O mais interessante é que, apesar de terem um papel ativo nas nossas vidas, as cores não existem, ou melhor, não existem da forma como nós achamos que elas existem. De uma forma bem resumida, Isaac Newton descobriu, através de vários experimentos, a dispersão da luz branca, ou seja, percebeu que esta, ao incidir sobre um prisma de vidro totalmente polido, dava origem a inúmeras outras cores, cuja ilustração foi bem desenvolvida no álbum dos Pink Floyd The Other Side of the Moon.
Através desta descoberta, verificou-se que cada cor tem uma "frequência", e o que define a cor de um objeto é se este absorve ou não a "frequência" da mesma. Por exemplo: uma rosa vermelha é vermelha porque reflete todas as outras cores, com excepção do vermelho; o branco é branco porque reflete todas as cores e o preto é exatamente o contrário, não reflete nenhuma cor.
Mas não é por um objeto não ter uma "cor verdadeira" (sendo esta apenas o reflexo da luz) que estas não vão influenciar as nossas vidas. As cores provêm todas do mesmo espectro, mas cada uma tem a sua peculiaridade.
Desde os primórdios da humanidade, o vermelho tem sido visto como a cor "mais quente", a cor do fogo, da paixão, da energia e do amor, mas ao mesmo tempo do perigo, da raiva, do sangue e até mesmo do diabo. Todas estas definições do vermelho foram se construindo ao longo da história e se mantiveram até hoje.
O laranja está relacionado com a energia, a criatividade, o movimento, a juventude e o Outono, mas também com o estado crítico, o perigo iminente e a bruxaria. Em muitos países é relacionado também com a realeza, com o nobre e com o poder.
Continuando a escala, o amarelo é a cor do ouro, do sol, da sabedoria, do brilho e da alegria. É, em geral, vista como uma cor muito alegre e viva, ao ponto de chegar a ser muito forte para o próprio olho. O amarelo também é visto como a inveja, a fraude e a cautela, é sobretudo um sinal de aviso.
Logo de seguida temos o verde, a cor da primavera, da esperança, do dinheiro e da tranquilidade. De facto, esta cor, complementar da vermelha, dá-nos uma sensação de calma, natureza e serenidade. Por isso, esta cor é utilizada nos hospitais, para acalmar os pacientes e deixá-los mais tranquilos. Quanto ao lado negativo, o verde é muito ligado ao veneno, à náusea, à avareza e à ganância. De facto, o verde é normalmente utilizado para mostrar os lados negativos do dinheiro e do capitalismo que corrompem povos inteiros em busca de poder.
Agora temos o ciano, uma cor que representa a tranquilidade, o ambiente sereno e apaziguador. É uma cor fresca que nos faz lembrar o céu limpo ou um mar de água cristalina. Esta destina-se também às crianças, por transmitir esta leveza rústica, natural e sem ligações urbanas.
O azul relaciona-se muito com os elementos naturais, é a cor da água, a cor do céu, mas também da paz, da lealdade e da justiça. Paradoxalmente, é fria, distante e depressiva.
E finalmente o violeta, a última cor do espectro visível, é a cor da sabedoria, da nobreza, do místico e do metafísico. Em contraste, é também associada ao excesso, à loucura, ao pânico, à falta de ar e ao desespero.
O intuito desta pequena referência às cores não foi descrevê-las de forma assertiva e dogmática, pelo contrário, foi apenas uma referência às suas propriedades e valores que foram sendo desenvolvidos ao longo da história da humanidade, com o intuito de dar a conhecer, mesmo de forma muito superficial, o que cada uma delas representa a nível global. Terminamos, assim, esta pequena análise com todas as cores do espectro reunidas numa figura conhecida por todos nós - o arco-íris.
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